Agora que ando a reparar mais nos meus comportamentos de uma forma mais sistemática, consigo tomar consciência de algumas coisas que faço e que anteriormente nem reparava... Isso é muito bom pois permite-me corrigir alguns comportamentos menos positivos, ou à vezes mantê-los, mas agora porque quero e não porque os faço inadvertidamente.
Uma das questões em que mais tenho reparado é a atenção que coloco nos outros quando eles falam comigo e algumas vezes, mais até do que o desejável, estou a fingir que oiço a acenar com a cabeça, a tentar fazer comentários inteligentes que provem a minha atenção, mas na verdade estou a pensar no que vou jantar, ou o que vou fazer a seguir ou como vou resolver um problema no trabalho que me anda a perturbar.
Acredito que, na maior parte das vezes, as pessoas com que estou a falar nem reparam, mas esta não é uma decisão consciente e não é correta. Nos últimos dias, estando mais atenta, já o consegui controlar ou fazer de uma forma consciente.
Quando encontro aquelas pessoas que falam mal da vida e que começam com aquelas conversas pessimistas de que a vida corre sempre mal, então desligo... mas desta vez de uma forma consciente..."eu não quero ouvir isto. Esta conversa não me interessa".
E porque hoje é dia de falar de parentalidade, este é um tema com especial interesse no nosso relacionamento com as nossas crianças pois elas são, na maioria das vezes, um óptimo teste à nossa capacidade de concentração em ouvir os outros.
Tenho dois filhos de 8 e 6, e qualquer um deles ainda é um pouco confuso a contar as suas história. O mais velho já tenta dar muitos pormenores, mas cada vez que volta à história central acrescenta uma novidade que não bate certo com tudo o que contou até à data... o mais novo é muito sintético, tão sintético que às vezes não chega a contar a parte importante da história... :)
Mas, muito embora às vezes não se perceba o sentido, é para eles muito importante que os pais os oiçam, que os pais queiram conhecer o que se passa com eles, que os pais estejam disponíveis para os acompanhar nas histórias que eles querem contar... mesmo quando as histórias são apenas fruto da imaginação deles.
E nós, muitas vezes, com a escassez de atenção que temos para dedicar aos outros (porque estamos cansados, porque estamos concentrados nos nossos problemas, porque temos sempre coisas nossas muito importantes para pensar), se não percebemos a história nas primeiras palavras desligamos e já não vamos mais a fundo. Continuamos a acenar com a cabeça, a fingir que ouvimos tudo, mas na verdade já temos a cabeça longe. E ao contrário da maior parte dos adultos que já fala, só por falar, e já não é muito relevante se é ouvido ou não, as crianças são muito sensíveis a estas interacções, principalmente com os pais. Para as crianças a necessidade de ser ouvidas é fundamental e uma forma de se sentirem especiais...
Às vezes é duro manter a atenção, mas temos mesmo que fazer o esforço porque são esforços momentâneos que fazem as nossas crianças muito felizes, e contribuem para um crescimento saudável, ajudando crianças crescer com uma boa auto-estima.
Nos últimos dias tenho feito este esforço de uma forma muito consciente, mesmo quando eles começam a balbuciar algumas palavras estranhas, não desisto e fico a prestar atenção enquanto eles assim o exigem...
Claro que algumas crianças, como é o exemplo do meu filho mais velho, falam pelos cotovelos em modo de chamar a atenção. Neste caso ele tem que perceber que há tempo para eu o ouvir e outro em que eu não o vou ouvir... mas desde que isso fique claro, e quando me proponho a ouvi-lo esteja mesmo a 100%, então ele fica feliz.
Tenho implementado estas alterações e o resultado tem sido muito positivo... Experimenta também!!!
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