Madalena saiu da escola completamente enternecida com a doçura de Catarina. Depois de à distância ter visto uma menina normal com um sorriso malandro, junto a ela encontrou uma menina delicada, simpática e muito doce.
Madalena tinha 34 anos, morena de olhos azuis e com uma pele muito clara. Tinha nascido no Algarve, mas com 18 anos mudou-se para Lisboa para estudar para a universidade em Lisboa. Estudou na Universidade Católica onde tirou o curso de gestão, tendo sido sempre óptima aluna, entre os melhores da turma. Durante a universidade conheceu Miguel, um rapaz do IST, moreno, de olhos castanhos, com mais um ano do que ela, e sempre muito divertido.
Foi amor à primeira vista, quando uma amiga comum os apresentou num arraial do Técnico. Entre a música de Xutos e Pontapés e alguma bebida, no ar começou um romance que haveria de dar os seus frutos. Casaram dois anos depois de Madalena acabar o seu curso. Miguel já trabalhava numa empresa de telecomunicações e Madalena en trara para uma consultora.
Tiveram a primeira filha quando Madalena acabara de completar os seus 26 aninhos... e apesar de terem pouco tempo disponível porque o trabalho de ambos era muito exigente, foram tempos muito felizes. Liliana, assim se chamava a sua menina, era uma linda, com uns caracóis dourados e os olhos azuis da mãe. Tinha um olhar muito sorridente, sempre bem disposta. Aos pais nunca deu uma noite difícil...
Parecia uma história tirada de um conto de fadas até àquele dia... ao dia em que tudo mudou na vida de Madalena e Miguel...
Era um bonito dia de sol de primavera, Madalena estava a trabalhar quando recebeu um telefonema da escola onde tinha deixado Liliana de manhã:
- Estou?!?!
- Bom dia, é a mãe da Liliana?
- Sim, sou eu. O que se passa com a minha filha? - respondeu rapidamente Madalena já a ficar um pouco assustada com a conversa.
- Nem sei como lhe dizer, a sua filha... a sua filha engasgou-se, deixou de respirar... chamámos de imediato uma ambulância e ela está agora a caminho do hospital... não sei lhe dizer mais nada a não ser que vai para o Hospital da CUF.
As lágrimas começaram a cair pela cara de Madalena... não conseguiu dizer mais nada... desligou o telefone e demorou alguns segundos até conseguir ter alguma reacção. A sua pequena princesa, a luz da sua vida, tinha feito na véspera 7 anos... e agora estava a caminho do hospital... Pegou de imediato na chave do carro e, sem dizer nada a ninguém, saiu do escritório e correu até ao carro. Voou até ao hospital e só quando estava a parar o carro, junto à porta em cima do passeio, não se preocupando se quer se estava bem ou mal parado, é que se lembrou que não tinha avisado o Miguel.
Ao telefone com ele começou a chorar compulsivamente e pouco mais conseguiu dizer para além de:
- A Lili... hospital da CUF... urgências...
Miguel, do outro lado da linha, pouco ou nada percebeu... ainda tentou dizer algumas palavras de calma e conforto à sua mulher, mas rapidamente percebeu que não iria conseguir acalmá-la pelo telefone e que teria de ir para o hospital também e perceber melhor o que se passa.
Madalena entrou nas urgências e logo em frente encontrou a recepção. Em 7 anos de vida da sua filha nunca tinha sido preciso recorrer às urgências. Estavam 2 pessoas à sua frente para ser atendidas, mas Madalena desatou num pranto que rapidamente perceberam que estava numa urgência...
- A minha filha Liliana, entrou numa ambulância vinda da escola...