Ruka e Kuka: O futuro dos media em Portugal...

terça-feira, 29 de dezembro de 2015

O futuro dos media em Portugal...

Ontem encontrei este artigo de opinião sobre a situação económica dos jornais em Portugal, que me pareceu muito interessante e que me levou, mais uma vez, a pensar sobre o tema do futuro dos jornais em Portugal e sendo um pouco mais abrangente o futuro da comunicação social.

http://www.publico.pt/sociedade/noticia/para-nao-acabar-de-vez-com-os-jornais-e-a-democracia-1718101


Este é um tema que me preocupa por razões óbvias, mas também porque penso que para garantir o acesso a informação de qualidade é obviamente necessário manter os orgãos de comunicação social a funcionar, de forma livre e sem pressões económicas.

O problema económico é realmente muito grave neste momento em todos os grupos de media do nosso país: as vendas a cair, a publicidade a cair e as receitas online a não compensarem de forma nenhuma estas quedas. Mas será a forma de sobreviver, confiar em beneméritos, que em prol da democracia e do livre acesso à informação, condicionam as suas fortunas (ou as receitas geradas por outros negócios) aos media?

Não me parece... parece-me que aquilo que um jornal ou qualquer orgão de comunicação social comercializa tem valor e por isso deve ser pago, e bem pago. O trabalho de um jornalista é muito valioso e tem que ser tratado dessa forma. Quem o vai pagar? Como o vai pagar? São respostas que não tenho, são respostas que o mundo inteiro anda à procura...



Há uns anos, com a entrada da internet e da informação online gratuita (pensando que a publicidade iria pagar tudo), foi dado o primeiro grande passo para a banalização da informação e para o livre acesso a um bem precioso... depois, com as redes socias e os motores de busca a informação ficou cada vez mais acessível a todos e muitas vezes perdendo até a assinatura de quem a produz. Depois disso, começaram a aparecer os jornalistas caseiros, pessoas comuns que pensam conseguir fazer notícias tão bem como os profissionais.
Por outro lado a falta de dinheiro e também algum conformismo dos jornalistas, diminuiu significativamente a qualidade do jornalismo feito em Portugal.
Todos estes ingredientes juntos estão a destruir a comunicação social em Portugal e penso que tudo o que é banalizado perde o seu valor e por isso é fundamental que o acesso a estes conteúdos de qualidade volte a ser restringido para os valorizar (para que lhes seja atribuído o valor que merecem).

Ao contrário daquilo que o artigo defende: "Também é claro que não são os jornalistas que têm de resolver os problemas económicos dos jornais", eu penso que os jornalistas devem ser parte da solução destes problemas.
Historicamente os jornalistas têm efectivamente uma má relação com o dinheiro e com a gestão, mas tenho a certeza que sem a colaboração dos mesmos e a sua sensibilização para a necessária racionalização dos custos e para a extrema necessidade de rentabilização dos conteúdos nunca iremos conseguir ultrapassar este problema.
Já ouvi várias vezes que os media não são um negócio, e muito embora concorde que hoje em dia não seja um negócio para enriquecer ninguém, nem para ter lucros desmesurados, tem que ser encarado como negócio, em que o que fazemos tem que ser apreciado pelos nossos seguidores em todas as plataformas, de forma a conseguirmos monetizá-lo. Só assim conseguiremos encontrar forma de ter empresas saudáveis, que permitam pagar os salários e pagar todas as despesas a fornecedores.


Concordo plenamente que hoje os salários que as empresas de media pagam a quem começa a trabalhar são muito baixos face à quantidade e até à qualidade do trabalho que lhes é pedido, mas para que isto mude é urgente e fundamental que as receitas aumentem de forma a tornar viável aumentar os custos, sem pôr em causa a sustentabilidade da empresa. Para isso penso que todos temos que repensar o negócio e os jornalistas terão MESMO que fazer parte integrante desta mudança, pois serão os primeiros a ter que perceber o que os clientes procuram e a adaptar o produto àquilo que é mais valorizado.

Terá também de haver uma discussão alargada na sociedade sobre a importância dos media de forma a que todos percebam o tamanho do problema e juntos teremos que procurar soluções que sejam proveitosas para todos (os media juntos entre si, com o governo, com as agências de publicidade e também algumas entidades privadas de relevância, como por exemplo, os operadores de telecomunicações que têm estado muito activos nos últimos dias).
Em paralelo temos que manter a nossa atenção em tudo o que se vai fazendo neste âmbito pelo mundo fora, para vermos as tendências e tentar desta forma antever potenciais soluções.




3 comentários:

  1. As receitas on-line compensam e até ultrapassam já as off-line, só que quebram as fronteiras do local-nacional-internacional e tendem a favorecer os grandes grupos internacionais. O problema será a comunicação social nacional-regional-local encontrar maneiras de combater este fenómeno.

    A única maneira, na minha visão será apostar na ligação direta aos leitores próximos com serviços inovadores que a proximidade permita e que as pessoas valorizem a ponto de estarem dispostas a pagar por isso.

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    1. Sim, concordo plenamente contigo. O jornal em papel tem um público que não vai gatantidamente crescer e por isso o acréscimo das receitas de cliente terão que vir do online. Aqui a chave do negócio é descobrir os serviços certos...
      Penso, no entanto, que junto dos grandes anunciantes também é possível ainda fazer um trabalho de reaproximação. Com serviços muito personalizados, com uma grande disponibilidade para adaptar os nossos meios às necessidades dos anunciantes e até com a possibilidade de desenvolver conteúdos em parceria... Talvez se consiga aumentar também as nossas receitas nesta área e aqui em todas as plataformas (papel, online e TV).

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    2. Sim, entrando um pouco no principio do ovo e da galinha... se tivermos bons serviços exclusivos, temos gente, com gente temos anunciantes, com anunciantes temos verba e condições de investir mais em bons serviços... ainda assim julgo que o fio da meada estará em perceber o que levaria as pessoas a subscrever e pagar serviços... pois honestamente julgo que por informação pura e crua, já não pagam.

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