Num dia de inverno muito frio, Catarina brincava no recreio sozinha. Do outro lado, os colegas da turma corriam atrás de uma bola para ver se afugentavam o frio. Catarina estava, nesse dia, um pouco triste pois faltava-lhe a sua melhor amiga que estava doente em casa. Uma gripe, fruto da época tinha deitado Leonor à cama e já não vinha à escola há 2 dias.
Catarina tinha uma boa relação com todos os colegas da escola, mas Leonor era especial, percebia melhor as suas brincadeiras, os seus medos, gostavam das mesmas coisas e partilhavam os mesmos sonhos.
Ao longe fora da escola, uns olhos vislumbraram Catarina, a menina normal com um sorriso maroto, que alinhava muito cuidadosamente umas pedrinhas do chão numa geometria perfeita. Ficou ali, do lado de fora da escola, a observar a menina durante todo o intervalo, enquanto recordava os seus tempos de infância e como tinha sido feliz nessa altura...
No dia seguinte voltou, desta vez mais cedo, para acompanhar do lado de fora da escola, mas de uma forma muito discreta, todos os passos da Catarina. Verificou que o pai a deixou na escola por volta das 8h10.
Sentia um desejo incontrolável de conhecer aquela criança e de falar com ela. Começou então a arquitectar um plano para conseguir chegar até ela.
Um dia, por volta das 18h30, observou ao longe a chegada do pai de Catarina. Ela, assim que viu o pai, correu para ele dando-lhe um abraço apertado de amizade muito genuína. Entretanto apareceu também Bruno, que meio desajeitado, também recebeu um míminho do pai ao qual respondeu com o beijinho muito terno.
Seguiu-os no caminho para o carro para conseguir perceber qual a marca e matrícula, e ainda no mesmo dia, de forma muito discreta, seguiu até casa. Percebeu que viviam num prédio de 5 andares, a cerca de 3 km da escola. Ainda ficou alguns minutos na parte de fora do prédio a tentar perceber pelas movimentações junto à janela, qual seria o andar deles. Mas naquele dia não conclui nada...
Nos dias seguintes manteve as esperas e as perseguições, sempre de muito longe, de forma a não levantar suspeitas mas conseguiu perceber que fora da escola, o controlo dos pais era quase intransponível e por isso decidiu que a primeira abordagem teria que ser na escola.
Durante estes dias de observação, percebeu as rotinas da família. Na maioria dos dias o pai deixava Catarina às 8h10 na escola, e era também ele que os ía buscar por volta das 18h30.
Catarina apenas entrava para a primeira aula as 8h30 e por isso tinha 20 minutos logo de manhã em que estava sozinha. Essa hora era muito agitada na escola com os meninos todos a chegar com os pais... Era provavelmente a melhor hora para tentar uma aproximação...
------------------
As rotinas da nossa vida deixam que tudo se torne transparente e previsível para quem nos seguir alguns dias. Isso é bom para controlarmos o nosso dia-a-dia mas é péssimo para a nossa segurança e para a segurança dos nossos... Enfim, problemas da era moderna... em que todos trabalhamos e por isso as obrigações repetem-se de uma forma totalmente rotineira...
------------------
Como mãe já tantas vezes tive este pesadelo... e vocês não?
As rotinas da nossa vida deixam que tudo se torne transparente e previsível para quem nos seguir alguns dias. Isso é bom para controlarmos o nosso dia-a-dia mas é péssimo para a nossa segurança e para a segurança dos nossos... Enfim, problemas da era moderna... em que todos trabalhamos e por isso as obrigações repetem-se de uma forma totalmente rotineira...
Sem comentários:
Enviar um comentário