Ontem vi este anúncio do IKEA e confesso que fiquei com a lágrima ao canto do olho... e sabes porquê? Porque tenho a sensação que os meus filhos poderiam perfeitamente ser um daqueles meninos...
Há 8 anos atrás, depois de o Ruka nascer, a minha chefe na altura, chamou-me e disse-me:
- Mariana, agora que és mãe, há uma decisão que tens que tomar, tens que tornar claríssimas as tuas prioridades. Atenção que é uma escolha muito importante, pois qualquer que seja , irá ter consequências. Quanto mais clara e consciente for a tua prioritização, melhor preparada irás estar para enfrentar as consequências de consciência tranquila.
Estas palavras foram sábias, pois naquela altura a minha prioridade era claríssima, eram os meus filhos. Muito embora na altura tenha regredido na carreira profissional, nunca foi encarado como um problema pois assumi-o como uma consequência da escolha que tinha feito, que eram os meus filhos, e a quem eu estava a dedicar cada minutinho que podia... e que eu sabia que nessa altura tanto precisavam de mim.
O problema surge na minha vida, quando essa escolha deixa de ser tão clara e tão óbvia... ou por outra, se me perguntarem qual é a minha prioridade eu continuo a afirmar a pés juntos e com toda a convicção que são sempre os meus filhos. Mas como sei que eles estão bem (mesmo quando não estão comigo), que já não precisam tanto de mim (estão a ganhar autonomia), acabo por descurar um pouco o meu papel de mãe.
Quando penso nisso friamente, claro que digo sempre: "NÃO PODE SER! TENHO QUE DEDICAR MAIS TEMPO AOS MENINOS!". Mas depois vem o dia-a-dia e ligo ao meu marido às 17h a dizer que estou quase a sair.
Depois começa a cair um pedido daqui, um telefonema dali, um conversa de outro lado e um problema novo que precisa de resolução... e lá estou a ligar para o meu marido, para ser ele outra vez a ir buscar os meninos... :(
Quando finalmente consigo sair, lá venho eu triste, a sentir-me completamente culpada por ser mais um dia em que estou tão pouco com os meus pequenitos...
Claro que quando chego, tento sempre dar-lhes o melhor de mim, com tempo de qualidade, totalmente focada neles... mas, às vezes, até isso é difícil, porque estou cansada ou chateada porque os problemas no trabalho não se resolveram da melhor maneira...
Partilho este meu desabafo porque acredito que este é um problema comum a muitos pais e mães, e embora ainda não o tenha conseguido resolver na minha vida, acredito que esta resolução só depende de mim,
Se clarificar as minhas prioridades de forma objectiva, e conseguir ser coerente com as minhas escolhas, as potenciais consequências irão sempre ser aceites com muito mais facilidade. Além disso, se conseguir dedicar-me total e exclusivamente a uma única coisa enquanto a fazemos (sem estarmos a fazer uma coisa e a pensar noutras mil ao mesmo tempo), tenho a certeza que a faremos com mais qualidade e, quando isto envolve os nossos filhos, a percepção do outro lado será completamente diferente.
Se for tempo de qualidade e muito atenção, poderão bastar pouco minutos por dia de total entrega para que as crianças se sintam cheias e que não tenham os sentimentos de falta que vi no vídeo...
A vida profissional é hoje muito absorvente e temos que aprender a viver com isso. Ainda há dias que chego a casa cansada, e mesmo de uma forma inconsciente, não consigo desligar do trabalho e acima de tudo deixar a carga emocional negativa à porta... Mas tenho a certeza que vou conseguir.
E tu? Como é o teu equilíbrio pessoal/profissional?
Mariana, sem dúvida é este o mal da sociedade portuguesa (que diz entre gestos) que quanto mais tempo passas no trabalho, melhor profissional és. Ambas sabemos que não é verdade. E ninguém precisa de sentir culpada. Podemos é sentir que perdemos alguns momentos certos.... Isso é que me chateia. bjs
ResponderEliminarE cabe a cada um de nós lutar contra este estigma... provando que podemos ser muito boas profissionais se nos dedicarmos a fundo no que fazemos, mas durante o tempo que temos disponíveis para isso... porque depois há toda uma vida fora do trabalho que é fundamental mantermos completamente sã, para servir de pilar às horas de trabalho cheias de vontade e motivação. O equilíbrio é fundamental para que tudo seja feito com dedicação total. Bjs
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